ANCHORAGE

O desejo de segurar o tempo enquanto ele passa, como tentar se segurar em uma pedra no meio de um rio com muita correnteza.

Quantas pessoas já foram embora das nossas vidas e tentamos fazê-las ficarem e no final foi tudo em vão? Nossas vidas insistem em nos dizer que não mandamos em nada, e que decisões tomadas, por exemplo, são pouco prováveis de serem retomadas e o máximo que podemos fazer e repará-las, caso não seja tarde demais.

O amor nos faz querer interromper o tempo em várias ocasiões. Receber um beijo de quem você ama não tem preço, faz seu coração acelerar e liberar todas as citocinas possíveis, nossos olhos se enchem de lágrimas e o coração de esperança, e nesse momento o que mais queremos e parar o tempo, para tornar tudo aquilo que está acontecendo de tão especial o mais duradouro possível. 

Interessantemente o mesmo acontece sempre que comemos algo que gostamos, no meu caso o chocolate é o grande dono dessa sensação. Poder degustar cada pedacinho daquela maravilha sem pressa me faz querer ir lá no relógio e travá-lo, só para o tempo não passar e aquele momento demorar mais para ir embora.

Mas nem tudo são flores e um sentimento tão nobre desse tem suas consequências, ao me ver a dor é uma delas. Não dor aguda, mas a dor psicológica: a dor de uma perda, por exemplo. 

Meses atrás eu sofri o máximo que eu pude a ponto de chegar em uma depressão, tudo por não aceitar algumas condições na qual eu me encontrava, por não entender ainda pelo simples fato de ser imaturo o porque aquilo tudo estaria acontecendo comigo, do porque tudo dar errado e todas as demais pessoas em minha volta serem tão felizes, e o que mais me machucava era não entender tal sentimento. Todos os dias eu pedia forças a Deus para continuar lutando e não chegar ao fim do dia e desistir.

Morando sozinho com toda essa angústia, eu não tive coragem até hoje de contar para a minha mãe tudo que aconteceu, pois estando tão longe não poderia me ajudar, onde eu mesmo era a minha salvação, e vi isso depois de tanto sofrer e pedir a Deus que me levasse, caso minha luta neste mundo fosse em vão.

Na universidade eu busquei ajuda de uma professora psiquiátrica, que me ajudou a ter forças para sair do meu buraco no qual não havia luz, sofrimento no qual eu vinha a quase um ano acumulando, tudo de ruim eu absorvia para mim e isso foi formando uma bola de decepção, tristeza, rancor, mágoa e desespero.

Nos dias de hoje eu posso dizer que me encontro em busca constante de paz interior, ainda sofro com alguns fantasmas do passado, porém consigo ver esperança em muita coisa. Nesta caminhada muitas pessoas me abandonaram por não entender o que eu sinto, algumas ainda me julgam severamente por isso e acham que eu estou em busca de atenção, pois bem, cada um acha o que quiser, mas ninguém propõe uma maneira de me ajudar e não desistir, em ver que nem tudo é o que parece e que eu preciso acreditar em mim mesmo principalmente. 

Durante meses, eu luto contra mim mesmo, dia após dia tento não ver as coisas de uma maneira tão complexa, tento ver que nem todo mundo é igual aos que me fizeram e fazem sofrer, que nem todos são que nem os fantasmas presentes na minha vida. Com isso, vem minha vontade de parar todo o relógio da vida quando entra alguém que me faz desligar minha mente de toda essa tempestade, não é depender de outra pessoa para ser feliz, é só ter alguém que faz com que os momentos sejam bons, que ta ali do seu lado para apertar sua mão e dizer que está tudo bem e que esse pesadelo vai passar.

Enquanto escrevo isso várias sensações vem na minha cabeça, desejos e medos predominam totalmente meu corpo, o que fazer? Algumas vezes me pergunto, até quando isso tudo vai continuar? Eu sei, eu sou o precursor principal da minha melhora, e busco isso todos os dias mas infelizmente não é fácil e quem acha que é, parabéns.

Noah Cyrus retrata exatamente o que eu ando sentindo todos esses meses com a musica Make Me (Cry). Encerro está publicação com umas perguntas: se tivessem a oportunidade de voltar no tempo e mudar um simples momento da sua vida, você seria corajoso o suficiente? Isso pode te trazer consequências irreversíveis e dolorosas, você suportaria tudo isso por um futuro incerto? Não seria menos complicado consertar o agora do que mexer no passado? Acreditem, me pergunto isso todos os dias ao acordar.

E lembre-se: se você não pode amar a si mesmo, como pode amar outra pessoa?

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