AMBEDO

Um tipo de transe melancólico no qual você se torna completamente absorto por pequenos detalhes sensoriais – pingos de chuva escorrendo pela janela, árvores altas se dobrando lentamente com o vento, espirais de creme se formando no café – o que, por fim, leva a uma avassaladora constatação da fragilidade da vida.

Gotas de chuva caem na janela do quarto, o encantamento é maravilhoso quando seu coração está a todo vapor. Já viram quão lindas elas são e quanta vida elas trazem consigo do reino lá de cima?

O assobio do vento passando entre os fios de energia avisando que uma tempestade vem para acalmar nossa alma. Tão lindo é ver as nuvens correndo para se reunirem ao ponto de chorarem de alegria, nos dando a tão esperada, chuva.

Deslumbrante mesmo é ver as folhas balançando de um lado para outro, como se estivessem em um parque de diversão e o vento fosse sua montanha russa. Algumas pessoas assim como eu se encantam coisas simples que a vida nos oferece. Quantos de vocês que estão lendo este texto se admiram com um simples lápis de cor? E quem diria uma caixa toda? 

Em toda a minha vida eu sou admirador de simplicidade. 

Muitos buscam beleza, condição social e financeira quando se envolvem com alguém, mas se esquecem de apaixonarem antes pelo sorriso, pela curvatura da boca, pelas bochechas e até mesmo pelas covinhas. Detalhes tão simples para uns e tão infinitamente incríveis para mim. 

Todos deveriam ter uma visão microscópica, para poderem ver os detalhes mais escondidos de todos. Na microscopia você consegue enxergar o que a olho nu não se vê, a riqueza de detalhes, formatos, cores, características, uma mais incrível que a outra. 

Detalhes me tornam frágil, sensível, perceptível e deslumbrantemente fascinado. Isso pode me destruir da mesma forma que me faz sorrir. 

Devemos sim abrir nossos olhos para o que se encontra na frente dos nossos olhos e fazemos questão de desviar o olhar, parar de procurar o lindo e o que chama atenção como prioridade, passar a observar o mínimo antes de procurar o máximo, nos tornar pessoas melhores pelo mínimo, para quando o máximo for alcançado se tornar um mérito. Nós somos o futuro.

Ao contrário dos outros dois textos publicados eu não irei estender demais o que quero transmitir, por isso eu digo somente uma coisa: seja um observador, observe as cores, os odores por mais piores que eles sejam. Abra seus olhos para os detalhes simples e que por ser tão simples ninguém observa, é na simplicidade que está a beleza, e as vezes é no feio que está toda a mágica.

E lembre-se: se você não pode amar a si mesmo, como pode amar outra pessoa?

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